quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Relativamente banais


Digite na busca do Google a palavra “relativismo” e você encontrará o seguinte verbete:

substantivo masculino
1. qualidade do que é relativo.
2. fil ponto de vista epistemológico (adotado pela sofística, pelo ceticismo, pragmatismo etc.) que afirma a relatividade do conhecimento humano e a incognoscibilidade do absoluto e da verdade, em razão de fatores aleatórios e/ou subjetivos (tais como interesses, contextos históricos, etc.) inerentes ao processo cognitivo.
3. ét doutrina segundo a qual os valores morais não apresentam validade universal e absoluta, diversificando-se ao sabor de circunstâncias históricas, políticas e culturais.
Origem
ETIM relativo + -ismo

Dado o significado do conceito, provavelmente vivamos não mais o seu auge, coroado pelas teorias científicas do século XX em várias áreas do conhecimento exato ou humano, mas sim a sua banalização. Nada mais é, tudo “pode ser”, ou “parece que talvez seja”, enfim, tudo é relativo nos nossos dias.
E o relativismo do nosso tempo se alimenta de dois outros ismos. O hedonismo e o materialismo. Essa tríade compõe a ética contemporânea, ou a falta dela. Não nos importamos mais com o bem comum, só nos importamos com o prazer individual e a posse material, custe o que custar e à quem custar, aos distantes, aos próximos ou a nós mesmos. Somos mimados ao ponto de entendermos como felicidade o não abrir mão, o não assumir culpa e o não arcar com consequências.
Diferente de adultos de outras eras, coletivistas – membros da pólis, fiéis ou súditos de alguma coisa – ou até mesmo dos individualistas clássicos dos séculos XVI ao XIX, que entendiam que sua liberdade terminava no limite onde começava a do outro, somos os seres humanos mais egoístas de todos os tempos. Daí a corrupção e a violência crescente em várias partes do mundo (menos nas que conseguem reprimi-las, o que não chega a ser uma virtude a priori).
Buscamos incansavelmente uma saciedade impossível, dada à nossa natureza, mas perseguida com uma voracidade faminta. 
Nessa fome intensa, acabaremos nos devorando uns aos outros, individual e socialmente, mas ainda estaremos com fome, mesmo depois que não houver mais nada material, intelectual ou espiritual para se comer.

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