Analisando o aspecto meramente físico, não é
difícil constatar que o ser humano não é nada, ou muito pouco. Sem a habilidade
de voar, sem capacidade para sobreviver debaixo d’água, sem proteção natural ao
frio, sem grandes presas ou garras, enfim, sem muitos instrumentos naturais
para enfrentar os desafios da vida material, vagam os humanos desamparados pelo
planeta desde seu surgimento, se reproduzindo e buscando sentido para sua
existência.
Há também o aspecto espiritual, o qual não irei
abordar, não por não ser um especialista, mas por ser, sem dúvida alguma, um ignorante
completo nessa questão, tão amplamente debatida por pessoas muito mais
capacitadas para o assunto, tanto nos dias de hoje quanto no passado, remoto e
recente, com muito mais propriedade e capacidade de elaboração neste tema para
o qual faltam evidências materiais e sobram argumentos filosóficos.
Mas existe ainda o aspecto cultural e é esse que
nos distingue e favorece perante às demais espécies que coabitam nosso planeta.
E é esse o aspecto que nos diferencia, pois, se
fisicamente somos pouco mais que macacos, culturalmente somos capazes de quase
tudo. Projetamos e erigimos catedrais, compomos sinfonias, produzimos filmes,
músicas e peças de teatro, criamos lendas, valores, tecnologias, enfim, nossa
imaginação não tem limites e, conforme a História avança, aprendemos a
transformar essa imaginação em coisas reais, valendo-se de outras coisas
imaginadas e posteriormente criadas, como ferramentas e técnicas.
Dessa forma, transformamos o mundo e criamos um
legado, que ultrapassa nossas limitações físicas e cronológicas, impedindo que
sejamos apenas primatas efêmeros e frágeis, para nos tornarmos seres, humanos
na carne, divinos na essência, falhos e frágeis em quase tudo, mas criadores
além de criaturas.
PS: Descanse em paz, Bowie.
Nenhum comentário:
Postar um comentário