quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Macacos Espaciais


Analisando o aspecto meramente físico, não é difícil constatar que o ser humano não é nada, ou muito pouco. Sem a habilidade de voar, sem capacidade para sobreviver debaixo d’água, sem proteção natural ao frio, sem grandes presas ou garras, enfim, sem muitos instrumentos naturais para enfrentar os desafios da vida material, vagam os humanos desamparados pelo planeta desde seu surgimento, se reproduzindo e buscando sentido para sua existência.
Há também o aspecto espiritual, o qual não irei abordar, não por não ser um especialista, mas por ser, sem dúvida alguma, um ignorante completo nessa questão, tão amplamente debatida por pessoas muito mais capacitadas para o assunto, tanto nos dias de hoje quanto no passado, remoto e recente, com muito mais propriedade e capacidade de elaboração neste tema para o qual faltam evidências materiais e sobram argumentos filosóficos.
Mas existe ainda o aspecto cultural e é esse que nos distingue e favorece perante às demais espécies que coabitam nosso planeta.
E é esse o aspecto que nos diferencia, pois, se fisicamente somos pouco mais que macacos, culturalmente somos capazes de quase tudo. Projetamos e erigimos catedrais, compomos sinfonias, produzimos filmes, músicas e peças de teatro, criamos lendas, valores, tecnologias, enfim, nossa imaginação não tem limites e, conforme a História avança, aprendemos a transformar essa imaginação em coisas reais, valendo-se de outras coisas imaginadas e posteriormente criadas, como ferramentas e técnicas.
Dessa forma, transformamos o mundo e criamos um legado, que ultrapassa nossas limitações físicas e cronológicas, impedindo que sejamos apenas primatas efêmeros e frágeis, para nos tornarmos seres, humanos na carne, divinos na essência, falhos e frágeis em quase tudo, mas criadores além de criaturas.

PS: Descanse em paz, Bowie.

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