A histórica e decisiva “queda de Roma” (476) foi
provocada por alguns fatores internos e um fator externo.
Entre os fatores internos destacam-se 3: crise
econômica, crise moral e crise política. Sendo que todas elas são consequências
de outras crises que transformaram significativamente o modo de vida romano.
Com o advento do Império e a implantação da chamada
Pax Romana, os romanos interromperam
suas guerras de conquista, se limitando a lutar para manter as fronteiras já
definidas após décadas de expansão territorial. Com a redução drástica das
campanhas militares provocada por essa política, o número de escravos
(prisioneiros de guerra) disponível caiu, reduzindo a produção, o comércio, a
arrecadação e, consequentemente, prejudicando a economia, o que tornou, gradualmente,
inviável atender as demandas por estrutura e segurança no vasto território.
A crise moral, por sua vez, derivou da rápida
expansão do cristianismo entre os pobres do Império, nos séculos após a vida e
crucificação de Jesus. Com a ascensão dos valores cristãos e devido ao
contraste desses valores com a moral romana, militarista, materialista e
violenta, em comparação com a fraternidade cristã, boa parte da sociedade
romana deixou de reconhecer a autoridade do Imperador e das outras instituições
políticas da época. Devido à esse fator, a desobediência civil, as revoltas e
tentativas de revolução se tornaram constantes, tornando cada vez mais difícil
manter a população sob controle.
Do ponto de vista político, tanto a falta de
recursos para conquistar e custear apoio, quanto a perda de autoridade devido à
contradição moral com o cristianismo, provocaram o enfraquecimento das
autoridades políticas e a perda de influência das instituições romanas, assim
como de legitimidade perante aqueles que deveriam ser governados, que, por sua
vez, romperam o “contrato” que os levava a respeitar as autoridades
tradicionais. A elite romana buscava uma riqueza cada vez mais escassa,
enquanto o povo não mais reconhecia as regras tradicionais de organização
cultural e social, resultando assim no colapso do sistema político do Império.
Essas fraquezas fragilizaram o Império e permitiram
que os povos não romanos, em muitos casos realmente incivilizados e denominados
“bárbaros” pela população latina de Roma, passassem a lutar tanto para se
libertar do domínio político romano, quanto para atacar e saquear áreas antes
protegidas do território romano, em busca de recursos, riquezas e terras
férteis. Com as crises internas, Roma ficou exposta a esse fator externo,
chegando por fim à queda quando os hérulos, liderados por Odoacro, tomaram a
capital e destronaram Rômulo Augusto, último imperador romano.
Enfim, essa realidade é aceita pela historiografia:
Roma caiu por ter perdido sua força econômica, sua autoridade política e sua
legitimidade moral, sendo assim derrubada por povos que não partilhavam de seus
valores.
Comparando essa realidade especificamente romana na
antiguidade com a da Europa atual como um todo, é inevitável identificar as
semelhanças.
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