quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Queda de Roma / Queda da Europa



A histórica e decisiva “queda de Roma” (476) foi provocada por alguns fatores internos e um fator externo.

Entre os fatores internos destacam-se 3: crise econômica, crise moral e crise política. Sendo que todas elas são consequências de outras crises que transformaram significativamente o modo de vida romano.

Com o advento do Império e a implantação da chamada Pax Romana, os romanos interromperam suas guerras de conquista, se limitando a lutar para manter as fronteiras já definidas após décadas de expansão territorial. Com a redução drástica das campanhas militares provocada por essa política, o número de escravos (prisioneiros de guerra) disponível caiu, reduzindo a produção, o comércio, a arrecadação e, consequentemente, prejudicando a economia, o que tornou, gradualmente, inviável atender as demandas por estrutura e segurança no vasto território.

A crise moral, por sua vez, derivou da rápida expansão do cristianismo entre os pobres do Império, nos séculos após a vida e crucificação de Jesus. Com a ascensão dos valores cristãos e devido ao contraste desses valores com a moral romana, militarista, materialista e violenta, em comparação com a fraternidade cristã, boa parte da sociedade romana deixou de reconhecer a autoridade do Imperador e das outras instituições políticas da época. Devido à esse fator, a desobediência civil, as revoltas e tentativas de revolução se tornaram constantes, tornando cada vez mais difícil manter a população sob controle.

Do ponto de vista político, tanto a falta de recursos para conquistar e custear apoio, quanto a perda de autoridade devido à contradição moral com o cristianismo, provocaram o enfraquecimento das autoridades políticas e a perda de influência das instituições romanas, assim como de legitimidade perante aqueles que deveriam ser governados, que, por sua vez, romperam o “contrato” que os levava a respeitar as autoridades tradicionais. A elite romana buscava uma riqueza cada vez mais escassa, enquanto o povo não mais reconhecia as regras tradicionais de organização cultural e social, resultando assim no colapso do sistema político do Império.

Essas fraquezas fragilizaram o Império e permitiram que os povos não romanos, em muitos casos realmente incivilizados e denominados “bárbaros” pela população latina de Roma, passassem a lutar tanto para se libertar do domínio político romano, quanto para atacar e saquear áreas antes protegidas do território romano, em busca de recursos, riquezas e terras férteis. Com as crises internas, Roma ficou exposta a esse fator externo, chegando por fim à queda quando os hérulos, liderados por Odoacro, tomaram a capital e destronaram Rômulo Augusto, último imperador romano.

Enfim, essa realidade é aceita pela historiografia: Roma caiu por ter perdido sua força econômica, sua autoridade política e sua legitimidade moral, sendo assim derrubada por povos que não partilhavam de seus valores.

Comparando essa realidade especificamente romana na antiguidade com a da Europa atual como um todo, é inevitável identificar as semelhanças.

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