Diversos governos da Europa vêm promovendo cortes significativos nos gastos públicos, embalados por medidas de austeridade fiscal necessárias não somente à sua própria saúde financeira, mas à saúde financeira global. Essas medidas incluem desde a redução do efetivo e do orçamento militar até a redução do número de funcionários públicos, além da revisão da legislação relativa à aposentadoria, seguro desemprego e outros benefícios e direitos sociais.
A postura dos governos de países como Inglaterra, Grécia e França geraram reações muitas vezes violentas por parte de grupos sociais específicos. Na maioria dos casos, essas manifestações exigem que direitos adquiridos e regulamentações tradicionais não sofram modificações que prejudiquem, principalmente, os que mais precisam do amparo do Estado.
Por outro lado, presidentes, primeiros-ministros e ministros argumentam que, sem essas medidas, a falência do Estado se torna eminente, frente às grandes mudanças que a economia e a geopolítica mundial vêm sofrendo.
Esse será o grande desafio dos governantes dos países ricos nas próximas décadas: conciliar austeridade financeira com bem estar social de maneira que não destruam, por si mesmos, nem os cofres públicos nem sua base eleitoral. Muitos analistas consideram essa uma missão impossível.
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
sábado, 9 de outubro de 2010
Democracia positivista
Os fundadores da República brasileira, no final do século XIX, eram, em sua maioria, adeptos da filosofia positivista de Auguste Comte. Simplificando, esse pensamento defende basicamente a idéia de que alguns poucos esclarecidos teriam não somente o direito, mas também o dever de guiar a população comum, considerada sem conhecimento, na busca pelo progresso. Esse pensamento está grafado em nossa bandeira nacional através do lema “Ordem e Progresso”.
Em algumas eleições, inclusive na do último domingo, indivíduos e grupos específicos, ao se depararem com o “recado” das urnas, costumam se referir aos mesmos argumentos do século XIX para justificar aquilo que, muitas vezes, contraria suas opiniões e interesses. Manifestam assim, ainda que involuntariamente, preconceitos positivistas do século retrasado.
Nenhum dos maiores grupos políticos do país saiu totalmente vencedor ou totalmente derrotado das eleições. O equilíbrio observado só reforça a democracia e o povo (que somos todos nós), apesar dos milhões de votos para candidatos “controversos”, merece o direito de escolher.
Qualificar essa escolha depende de investimentos bem aplicados em educação e cultura.
Em algumas eleições, inclusive na do último domingo, indivíduos e grupos específicos, ao se depararem com o “recado” das urnas, costumam se referir aos mesmos argumentos do século XIX para justificar aquilo que, muitas vezes, contraria suas opiniões e interesses. Manifestam assim, ainda que involuntariamente, preconceitos positivistas do século retrasado.
Nenhum dos maiores grupos políticos do país saiu totalmente vencedor ou totalmente derrotado das eleições. O equilíbrio observado só reforça a democracia e o povo (que somos todos nós), apesar dos milhões de votos para candidatos “controversos”, merece o direito de escolher.
Qualificar essa escolha depende de investimentos bem aplicados em educação e cultura.
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
Válvula de escape
Celebrar o carnaval é reafirmar o direito inalienável do brasileiro à liberdade. Afinal, gostando ou não do evento, a folia pagã do carnaval contagia e, direta ou indiretamente, afeta a vida de todos os brasileiros, em uma celebração coletiva significante, ainda que efêmera.
Em outros tempos, entre os períodos da colônia e do império, o corso (ou entrudo) – originado dos “4 dias bobos” anteriores à quaresma, trazidos da tradição lusitana – brancos e negros, senhores e escravos, homens e mulheres trocavam de papel e o patriarcalismo escravista do país era deixado de lado em breves momentos de “integração” e euforia coletiva.
Os espaços delimitados da tradição aristocrática eram simbolicamente rompidos, representando alegoricamente o ideal da nação unida e da identidade coletiva construída.
Nesses momentos, assim como nas poucas festas “mundanas” da Europa medieval – como a “Farra do Bobo” – as pessoas comuns usufruem da liberdade que, na maior parte do tempo, ou não possuem ou acreditam não possuir. Já os aristocratas costumavam aceitar e participar da farra, afinal, todos sabem que, na engenharia social, sempre é necessária uma “válvula de escape”.
Em outros tempos, entre os períodos da colônia e do império, o corso (ou entrudo) – originado dos “4 dias bobos” anteriores à quaresma, trazidos da tradição lusitana – brancos e negros, senhores e escravos, homens e mulheres trocavam de papel e o patriarcalismo escravista do país era deixado de lado em breves momentos de “integração” e euforia coletiva.
Os espaços delimitados da tradição aristocrática eram simbolicamente rompidos, representando alegoricamente o ideal da nação unida e da identidade coletiva construída.
Nesses momentos, assim como nas poucas festas “mundanas” da Europa medieval – como a “Farra do Bobo” – as pessoas comuns usufruem da liberdade que, na maior parte do tempo, ou não possuem ou acreditam não possuir. Já os aristocratas costumavam aceitar e participar da farra, afinal, todos sabem que, na engenharia social, sempre é necessária uma “válvula de escape”.
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