Apesar da renúncia do Fidel Castro ao poder em Cuba, maior símbolo esquerdista de resistência política nos trópicos, os episódios recentes envolvendo o Equador, a Venezuela e a Colômbia demonstram que os conflitos políticos nas Américas estão longe de se encerrar.
O assassinato do número 2 das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), Rául Reyes, por bombardeios e tropas colombianas em território equatoriano provocou reações ásperas e legítimas do presidente do Equador, Rafael Correa, contra o presidente colombiano Álvaro Uribe e o que Correa considerou um “ultraje contra a soberania equatoriana”.
O que causou surpresa foi a reação de Hugo Chávez, presidente venezuelano que, ainda que seja um forte aliado de Rafael Correa e um desafeto assumido de Álvaro Uribe, não possui ligação direta com o incidente, a menos que queira explicitar definitivamente seu apoio às Farc, organizações consideradas terroristas pela comunidade internacional.
Chávez retirou todos os funcionários da diplomacia venezuelana na Colômbia e enviou batalhões, tanques e aviões militares para a fronteira entre os dois países.
No caso, ainda que pouco provável, de uma guerra declarada na América Latina, vários são os vizinhos hostis à Colômbia, quer por questões políticas ou territoriais, como a própria Venezuela, o Equador e a Nicarágua.
Por outro lado, sob o argumento da guerra ao narcotráfico, os EUA enviam para o departamento de defesa colombiano milhões de dólares anuais, além de apoio logístico e de possuírem dezenas de soldados no território colombiano.
Soma-se à isso o fato de que Hugo Chávez, ainda que mantendo estreitas relações econômicas com os EUA, principalmente no que diz respeito à venda de petróleo, se autodenomina “inimigo do império”, e dificilmente a maior potência do mundo, com interesses geopolíticos estratégicos na América Latina, irá se abster do conflito.
Outra potência mundial interessada no desfecho do conflito é a França, já que a senadora colombiana Ingrid Betancourt, possuidora de cidadania francesa, se encontra desde 2002 em poder das Farc, na condição de refém política. Ingrid foi seqüestrada enquanto fazia campanha para a presidência da Colômbia.
Quanto ao Brasil, que fabrica os “supertucanos” utilizados no bombardeio colombiano às Farc no Equador, mas que também mantém boas relações com a Venezuela e com o próprio Equador, estará na tensa posição de mediador do conflito, colocando em prova sua capacidade de se consolidar como o braço ocidental na difícil missão de garantir a estabilidade na América do Sul.
Se haverá ou não uma guerra, os acenos dados pelos dois lados da fronteira Venezuela/Colômbia e a atuação política dos países interessados, como EUA, França e Brasil, é que irá determinar.
segunda-feira, 3 de março de 2008
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Um comentário:
Nesses dias de tensão sul-americana uma frase não poderia passar em vão: " Marx acabou como bandeira ideológica para o tráfico de cocaína". Essa ideológia marxista mascara as verdadeiras pretensões das Farc que é o de abastecer o mundo com um comércio lucrativo de drogas que segundo a ONU, os números giram na casa dos bilhões. Seriam eles revolucionários comunistas? Claro que não, pelo menos nos dias de hoje, uma vez que são tão capitalizados quanto uma outra empresa qualquer. Possuem propriedade monocultora, latifundiária e exportadora, abastecem quase todos os paises do globo e depositam os lucros em paraísos fiscais e acumulam riqueza. Para muitos românticos revolucionários a palavra revolução disperta admiração, mas escondem nela suas pretensões belicista fanáticas que mais parece uma doutrina facista, de admiração a uma figura central e de autodeterminação, que graças ao povo venezuelano, impediu esta última de se concretizar, através do publicito que derrotou as pretensões de Hugo Chávez. Hugo Chávez nunca será um revolucionário socialista, pois uma nova onda burguesa está surgindo na Venezuela, são os chamados: "Burgueses Bolivarianos" que apoiam o governo chavista e lembram, e muito, a antiga URSS cujo líderes distanciaram da verdadeira ideologia comunista de uma única classe igualitária, porém criaram uma sociedade estamental, parecida com o feudalismo . Ele, Hugo Chávez, se continuar com essas ações beligerantes não passará de um populista que deu leite e médicos aos pobres, mas que estagnou a economia do seu país com o desenvolvimento unilateral e mau aproveitamento geopolítico de suas caracteristicas naturais.
Na América do Sul não há espaço para guerras, ninguém quer ter suas atividades paralizadas e prejudicadas, aliás, se assemelhar com "El Diabo que tem cheiro de Enxofre", não é nem positivo para Chávez, nem às Farc, nem à Colômbia e Equador.
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