domingo, 9 de março de 2008

O Estado laico e as células-tronco

O adiamento da decisão sobre a regulamentação das pesquisas com células-tronco no Brasil, por parte do STF (Superior Tribunal Federal), por parte de um ministro vinculado aos interesses de grupos religiosos contrários à sua prática, após ter ficado clara a tendência de aprovação por parte dos demais ministros, demonstra mais uma vez a ingerência indevida dos grupos religiosos no Estado que, por princípio, desde os tempos do surgimento do ideal iluminista, que guia nossa organização política e consta inclusive das constituições das democracias liberais, é laico.
Ou seja:
Da mesma forma que, em nossa sociedade, ainda que existam exceções, é condenável qualquer tipo de ação contrária à liberdade religiosa, também é vetado aos grupos religiosos interferirem nos assuntos do Estado, inclusive no que se refere ao progresso da ciência, elemento tão incômodo aos religiosos em geral e aos fundamentalistas especificamente.
Isso se deve à um simples princípio: o Estado é para todos, enquanto que a religião cabe às escolhas individuais de cada um.
Sendo assim é permitido aos seguidores das mais diferentes religiões e seitas praticar os seus respectivos valores religiosos, abrindo mão do aborto, do uso de camisinha ou da prática da transfusão de sangue. Mas não é permitido à esses seguidores, pelo menos nos Estados modernos e democráticos, interferir nas escolhas individuais e nas políticas públicas que se referem aos demais, ou seja, aos que não seguem sua visão doutrinária.

3 comentários:

Anônimo disse...

E qual a solução que você sugere?

Conrado disse...

Sugiro que as leis não se pautem pela moral religiosa, mas por valores humanistas e científicos.
No caso específico, sugiro a aprovação e o estímulo às pesquisas sobre a utilização das células tronco.
Nos demais casos também, decisões de foro íntimo devem ser resolvidas no âmbito da vida privada.

Unknown disse...

Sem contar nos benefícios que esse tipo de "cirurgia" traria à toda sociedade (ou pelo menos aos que estiverem dispostos a usufruir de tais)

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