domingo, 3 de junho de 2018

República Verde-Oliva


Na hipótese de que o anseio da parcela mais radicalmente à direita da sociedade brasileira seja atendido, não seria a primeira vez que uma intervenção militar alteraria a ordem institucional, política e jurídica do Brasil. Alguns casos são mais emblemáticos do que outros, tendo maior ou menor repercussão e influência na vida da sociedade civil.
A primeira ação dessa natureza ocorreu já na origem da República Brasileira, em 1889, quando, fortalecido pela vitória na Guerra do Paraguai (1864-1870), o recém criado exército brasileiro proclamou a República em 15 de novembro de 1889, atendendo às aspirações da elite cafeicultora, de parte da sociedade civil e dos próprios militares. Essa "intervenção" deu origem à República da Espada (1889-1894), encerrada sem grandes traumas, ainda que em meio à revoltas (Revoltas da Armada) e revoluções federalistas (RS e SC), quando o Marechal Floriano Peixoto transferiu o poder ao civil Prudente de Moraes, cafeicultor paulista, apesar da oposição dos florianistas, e encerrou esse primeiro ciclo intervencionista, iniciando assim a República Oligárquica (1894-1930).
Outra intervenção emblemática ocorreu em 1930, quando a ala tenentista do exército brasileiro depôs o último presidente da fase oligárquica, Washington Luís, e contribuiu para o início da Era Vargas (1930-1945), que alternou fases ditatoriais (1930-1932 / 1937-1945) com um período constitucional (1932-1937). Foram também os militares que convenceram Getúlio Vargas a renunciar, logo após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o que resultou no governo do Marechal Eurico Gaspar Dutra (1946-1951).
A mais recente e, consequentemente, a mais lembrada dessas "intervenções" se deu em 1964, com a deposição do presidente João Goulart e o início do Regime Militar (1964-1985), cuja fase mais radical se deu durante a vigência do Ato Institucional nº 5, entre 1968 e 1978, fase de grande violência e repressão por parte do governo contra seus opositores, uma das principais características desse regime como um todo e acentuada pelo AI-5.
Tais eventos evidenciam a presença constante da ação militar em toda a fase republicana de nossa história política, com maior ou menor intensidade e resultados diversos.
Parte significativa da sociedade aspirar por nova ação nesse sentido expõe o fracasso brasileiro na construção de uma democracia minimamente estável, assim como um novo colapso de nossas instituições.

quarta-feira, 23 de maio de 2018

Dia 23 de maio está marcado na história paulista



Em 1932 o Brasil vivia um momento conturbado, durante a presidência de Getúlio Vargas, que governava o Brasil desde 1930 sem uma constituição formal que delimitasse seus poderes. Essa situação desagradava a elite paulista e estudantes de SP realizaram uma série de manifestações.
No dia 23 de maio, quatro estudantes foram mortos em São Paulo pelas tropas federais, o que serviu de estopim para a Revolução Constitucionalista de 1932. Por conta da morte dos jovens, criou-se a sigla M.M.D.C., com as iniciais dos nomes dos estudantes que perderam a vida no confronto: Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo. Um quinto estudante foi ferido, Orlando de Oliveira Alvarenga, morrendo três dias depois.
A cidade de São Paulo homenageia os estudantes mortos dando seus nomes à ruas da capital, assim como os de datas importantes da revolução. As ruas Martins, Miragaia, Dráusio, Camargo, Alvarenga e MMDC se intercruzam no bairro do Butantã, em São Paulo. Além disso, duas importantes vias da metrópole são chamadas 23 de Maio e 9 de Julho, datas da morte dos estudantes e do início oficial da Revolução Constitucionalista.

Homo Deus


"Há 70 mil anos o homo sapiens ainda era um animal insignificante cuidando da sua própria vida em algum canto da África. Nos milênios seguintes, ele se transformou no senhor de todo o planeta e no terror do ecossistema. Hoje, está prestes a se tornar um deus, pronto para adquirir não só a juventude eterna como também as capacidades divinas de criação e destruição.
Infelizmente, até agora o regime dos sapiens sobre a Terra produziu poucas coisas das quais podemos nos orgulhar. Nós dominamos o meio à nossa volta, aumentamos a produção de alimentos, construímos cidades, fundamos impérios e criamos grandes redes de comércio. Mas diminuímos a quantidade de sofrimento no mundo? Repetidas vezes, os aumentos gigantescos na capacidade humana não necessariamente melhoraram o bem-estar dos sapiens como indivíduos e geralmente causaram enorme sofrimento a outros animais.
Nas últimas décadas, pelo menos fizemos algum progresso real no que concerne à condição humana, com a redução da fome, das pragas e das guerras. Mas a situação de outros animais está se deteriorando mais rapidamente do que nunca, e a melhoria no destino da humanidade ainda é muito frágil e recente para que possamos ter certeza dela.
Além disso, apesar das coisas impressionantes de que os humanos são capazes de fazer, nós continuamos sem saber ao certo quais são nossos objetivos e, ao que parece, estamos insatisfeitos como sempre. Avançamos de canoas e galés a navios a vapor e naves espaciais – mas ninguém sabe para onde estamos indo. Somos mais poderosos do que nunca, mas temos pouca ideia do que fazer com todo esse poder. O que é ainda pior, os humanos parecem mais irresponsáveis do que nunca. Deuses por mérito próprio, contando apenas com as leis da física para nos fazer companhia, não prestamos contas a ninguém. Em consequência, estamos destruindo os outros animais e o ecossistema à nossa volta, visando a não muito mais do que nosso próprio conforto e divertimento, mas jamais encontrando satisfação.
Existe algo mais perigoso do que deuses insatisfeitos e irresponsáveis que não sabem o que querem?"
(Sapiens - Yuval Noah Harari)

República Verde-Oliva

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