domingo, 4 de junho de 2017

EUA, eleições na Inglaterra e a realidade política do Brasil

Analisando o possível resultado das eleições legislativas britânicas do próximo dia 08, o professor Adrian Pabst avaliou que a esquerda perde espaço político na Inglaterra por não mais propor abertamente uma “coalizão de classes”, gerando rejeição nos grupos menos radicalizados do eleitorado inglês, assim como aconteceu com Bernie Sanders nos EUA, derrotado nas primárias democratas. Segundo a análise do professor da Universidade de Kent, não dá para ganhar eleições com uma agenda progressista apenas defendendo os direitos de minorias, ou seja, sem incorporar temas importantes para a maioria, como emprego, segurança e liberdade, principalmente diante de uma realidade internacional e local tão instável e da mudança acelerada das referências que há décadas vinham construindo o modelo de “contrato social” na Europa e em boa parte do resto do mundo.
Transportando essa análise para o Brasil, diante da corrupção, da violência urbana e do desemprego, me pergunto se por aqui não seria o mesmo caso. Foi essa mesma postura apontada por Pabst  na Inglaterra que corroeu o apoio recente da esquerda no Brasil, com a diferença de que por aqui não há nenhum correspondente político à ala mais moderada da “esquerda” dos EUA e da Inglaterra, um partido com discurso político eticamente baseado numa coalizão de classes de qualquer tipo – e nem tampouco uma pauta teórica ou prática que incorpore as verdadeiras demandas atuais da classe média. Por aqui a prática política ou é radicalmente oligárquica ou radicalmente populista – e às vezes caricata, como recentemente vem acontecendo. Isso porque não temos uma classe média urbana tão representativa e mobilizada e por nunca ter havido nessas terras, na Colônia, no Império ou na República, uma Revolução Burguesa verdadeiramente bem sucedida.
O partido que perceber essa realidade e incorporar pautas referentes à diferentes realidades socioeconômicas em seu discurso, de forma coerente, sincera, bem divulgada e, principalmente, sem preconceitos de qualquer natureza, terá grande chance de ocupar o vazio político em que nos encontramos. Mas à quem isso interessaria?

República Verde-Oliva

Na hipótese de que o anseio da parcela mais radicalmente à direita da sociedade brasileira seja atendido, não seria a primeira vez que u...