Transportando essa análise para o Brasil, diante da corrupção, da violência urbana e do desemprego, me pergunto se por aqui não seria o mesmo caso. Foi essa mesma postura apontada por Pabst na Inglaterra que corroeu o apoio recente da esquerda no Brasil, com a diferença de que por aqui não há nenhum correspondente político à ala mais moderada da “esquerda” dos EUA e da Inglaterra, um partido com discurso político eticamente baseado numa coalizão de classes de qualquer tipo – e nem tampouco uma pauta teórica ou prática que incorpore as verdadeiras demandas atuais da classe média. Por aqui a prática política ou é radicalmente oligárquica ou radicalmente populista – e às vezes caricata, como recentemente vem acontecendo. Isso porque não temos uma classe média urbana tão representativa e mobilizada e por nunca ter havido nessas terras, na Colônia, no Império ou na República, uma Revolução Burguesa verdadeiramente bem sucedida.
O partido que perceber essa realidade e incorporar pautas referentes à diferentes realidades socioeconômicas em seu discurso, de forma coerente, sincera, bem divulgada e, principalmente, sem preconceitos de qualquer natureza, terá grande chance de ocupar o vazio político em que nos encontramos. Mas à quem isso interessaria?