Em 1962 o cinema brasileiro conquistou a Palma de Ouro de melhor filme no já prestigiado Festival de Cannes com a produção “O Pagador de Promessas”. O cinema nacional já havia conquistado, em 1953, a categoria “filme de aventura” desse mesmo festival com “O Cangaceiro” e, nos anos seguintes, além de disputar com honrarias e aplausos outras edições desse e de outros festivais consagrados, como o de Veneza e o de Berlim, e alguns de menor expressão, o país teve sua produção cinematográfica reconhecida no mundo todo, com destaque para o Cinema Novo, de Glauber Rocha, até hoje conteúdo obrigatório em algumas das principais faculdades de cinema dos EUA. Nos “anos de chumbo” essa produção se tornou praticamente clandestina, por causa da censura, mas, ainda assim, bons filmes eram produzidos entre uma pornochanchada e outra, com caráter crítico e criatividade para driblar os censores.
Atualmente, em pleno exercício das liberdades democráticas, o cinema
brasileiro parece ter encolhido frente ao que foi em outros tempos, se limitando
a duas categorias: “fazeção de média” e “tiração de onda”. Nossa produção, com
exceções mais raras do que na época dos milicos, uma ou duas há cada 10 ou 15
anos, está dividida entre o melodrama populista (como “Que horas ela volta?”) e
a comédia sexista (“Os homens são de Marte...”, etc.).
Nunca fomos o centro do cinema mundial, mas já tivemos tempos melhores.
Nesse cenário, a falta de um Oscar no “currículo” é o nosso menor problema.