Ainda que alguns analistas e veículos, como o New York Times, tenham considerado que a recepção ao presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, tenha sido uma espécie de afronta do Brasil aos EUA, como um recado segundo o qual o Itamarati assinalaria com a mensagem “fazemos o que queremos”, outras fontes, repercutidas na Folha de São Paulo por Clóvis Rossi, consideram que o Brasil, na verdade, estaria tomando uma atitude de sutil alinhamento com os interesses das grandes potências mundiais.
Afinal, a ONU, enquanto instituição, e o próprio presidente norteamericano, Barack Obama, em diversas ocasiões exortaram o governo brasileiro a utilizar o seu próprio exemplo para convencer o Irã de que Urânio pode ser enriquecido sem problemas, desde que para fins pacíficos. O Brasil possui quase toda a tecnologia necessária para a bomba atômica, mas opta pela utilização do recurso apenas para a produção de energia.
Assim, Lula, que também recebeu os presidentes de Israel e da Autoridade Nacional Palestina (ANP) nas últimas semanas, estaria apenas fazendo o que lhe foi pedido: dialogando com um dos maiores párias da política mundial para convencê-lo a ser mais “paz e amor”.
Capital político para isso nosso presidente tem... e de sobra.
Quanto à outras questões importantes, como a existência legítima de Israel, a verdade histórica do holocausto ou o apoio ao terrorismo islâmico, temas que envolvem direta ou indiretamente o Irã, pelo menos desde a Revolução Islâmica do aiatolá Khomeini, mentor espiritual de Mahmoud, toda a comunidade internacional conhece, e bem, a posição do Brasil. Não é uma visita oficial que mudará nossa tendência histórica à tolerância e ao dialógo.
sábado, 28 de novembro de 2009
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
15 e 20 de novembro
O mês de novembro é um mês, do ponto de vista cívico, extremamente importante no Brasil. É em novembro que comemoramos um dos mais importantes passos de nossa história em direção à construção de uma realidade democrática e pluralista, a Proclamação da República. É também em novembro que, relembrando a morte de Zumbi, sucessor de Ganga Zumba como rei do Mocambo do Macaco, sede da imensa comunidade denominada Quilombo dos Palmares, se comemora no Brasil o Dia da Consciência Negra. Dia voltado à reflexão sobre o papel do negro em nossa sociedade e sua importância na construção de nossa identidade.
Ainda que sutil, a semelhança entre essas duas datas cívicas é bem maior do que se imagina, afinal, o ideal republicano é o ideal da inclusão, uma vez que o modelo escravista e estamental não condiz com os princípios da ideologia iluminista, que defende a organização republicana como alternativa ao despotismo.
Nos EUA, a contradição entre república e escravismo foi uma das causas da Guerra de Secessão, que libertou os escravos naquele país. No Brasil, a Abolição e a República foram determinadas com pouco mais de um ano de distância (13 de maio de 1888 e 15 de novembro de 1889).
Construir um país no qual brancos e negros, independentemente de sua posição social ou opção religiosa, possam conviver em harmonia e partilhar das mesmas oportunidades é sim, um ideal que se “alevanta” tanto no 15 quanto no 20 de novembro, e esse ideal deve ser sempre a bandeira de uma nação que é, ou pretende ser, moderna.
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
Utopus
E se o apagão de ontem fosse mundial e de 15 dias? A ONU podia aderir e promover essa ideia a cada 10 anos. 15 dias de higiene mental. Sem influência externa e nem energia gerada para que cada um pudesse mergulhar em si mesmo e compreender a condição humana. Seríamos confrontados com o auto-conhecimento.
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