O pior inimigo de uma análise dialética do conflito entre israelenses e palestinos é o maniqueísmo. Ele mesmo, de quem os hebreus são os maiores expoentes, apesar de tê-lo aprendido com os persas. Afinal, todos sabem que, sob a acusação de deicídio, os judeus foram severamente perseguidos em todos os locais do mundo por onde se espalharam após a Diáspora imposta pelos romanos no ano 70. Antes ainda, no Egito ou na Babilônia, a sina dos hebreus sempre foi marginal e cruel, resultando no que Nietzsche denominou "rebelião escrava na moral" (assunto pra outra postagem). Sabemos também que o atual Estado de Israel foi criado de maneira unilateral pela ONU, após o holocausto da Alemanha nazista, ainda que a partilha de 1948 fosse muito mais justa do que a configuração atual do território, mas não tenha sido aceita pelos vizinhos árabes de Israel que, na época e pouco depois, prometerem "jogar os judeus no mar", e só não o fizeram devido ao apoio que França, Inglaterra e EUA deram aos israelenses. A reação dos árabes na época nos remete à outro ponto: Israel não tem o direito de existir? Penso que tem e sei que, se os árabes do Hamas tivessem metade do poder de Israel não encerrariam suas incursões militares antes de ver o último judeu dar seu último suspiro, e isso, parece que parte da opinião pública mundial não quer reconhecer.
Somado à esse instrínseco jogo geopolítico entra a questão da religião, já que parece que tanto Jeová quanto Aláh entendiam que Canaã pertencia aos "seus" e não se discute baseado na razão com pessoas movidas pelo fanatismo ou pela fé exacerbada e jihadista (cruzadista ou coisa que o valha).
Sendo assim, não parece ser possível, ao menos de maneira honesta, tomar partido de um lado ou de outro sem cometer injustiças, nem para aqueles que dedicaram sua vida ao estudo do Oriente Médio. Resta-nos lamentar as dores e perdas impostas à civis inocentes, de um lado e do outro.
O que se sabe com certeza é que a maior derrotada é a ONU que, após criar e defender por décadas Israel, hoje é ignorada pelo próprio "filho".
É por essas e por outras que Jim Morrison dizia que o "west is the best" e Churchill afirmava que a democracia é o "'menos pior' dos modelos até hoje experimentados".
Da minha parte, apesar de todos os defeitos e inconvenientes, agradeço todos os dias por viver no Ocidente.
Feliz 2009!
segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
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