terça-feira, 5 de janeiro de 2016
Feliz 2000 e quanto?
A partir da Modernidade – e suas variantes tão bem descritas por pensadores como Hobsbawm, Bauman e Lipovetsky – estabeleceram-se algumas pré-condições para o desenvolvimento pleno do indivíduo e, consequentemente, das sociedades. Condições que medem o nível de modernidade e desenvolvimento de uma nação. Direitos civis, liberdade de expressão, valorização do trabalho, estímulo ao empreendedorismo, estabilidade política, sustentação econômica, inclusão social e respeito à diversidade são alguns desses fatores e o grau de desenvolvimento (pleno, não apenas material) das nações no mundo atual está diretamente relacionado à observância desses elementos em maior ou menor escala.
Apesar de outros fatores estarem constantemente sendo adicionados aos mencionados pré-requisitos – como sustentabilidade, mobilidade urbana, etc. – não se vislumbra, num futuro próximo, grandes alterações nessa equação e os países que não se adaptarem às suas variantes tenderão a continuar atrasados em relação aos mais comprometidos com esses princípios. Isso posto, torna-se possível uma reflexão sobre o presente (e o futuro) do Brasil.
Ainda que sejamos uma nação democrática e que, teoricamente ao menos, tenhamos nossos direitos civis garantidos em vários aspectos, analisando empiricamente constatamos que diversos fatores relacionados ao progresso das nações modernas não são observados por aqui, ou não o são em grau significativo.
Exemplificando:
Estabilidade política não há, devido tanto à falta de sintonia do Legislativo com a população quanto à falta de competência e habilidade política do Executivo para viabilizar seus projetos (quando existe algum projeto). Legitimidade política não se dá meramente por critérios quantitativos, como bem observou, ainda no século XIX, Alexis de Tocqueville.
Sustentação econômica também não existe. Um país que depende do preço das commodities no mercado internacional e que viu sua indústria encolher 3% nos últimos anos – de meros 12% do PIB para ridículos 9% do PIB – não é estável economicamente e a renda do trabalhador brasileiro reflete essa pobreza, assim como os entraves burocráticos e tributários à iniciativa empresarial de pequeno e médio porte.
No que se refere aos direitos sociais, esses só existem para alguns, já que grande parte da população ainda é privada de direitos e serviços básicos, como educação, saúde, saneamento, lazer, transporte, habitação, entre outros que ou não são oferecidos, ou o são com baixa qualidade e/ou alto custo.
Adiciona-se ao triste quadro nossa (i)mobilidade urbana; dramas ambientais como o do Rio Doce e a incapacidade do governo em conter desmatamentos e queimadas; surtos de doenças (velhas e novas) que se repetem anualmente; violência contra a mulher; homofobia; caos urbano; IDH baixo; e tantos outros aspectos; e tentemos responder sem hesitar à pergunta: Somos um país moderno?
Qual você acha que seria a resposta?
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Um comentário:
Deixo minha síntese: é um País moderno, contudo subdesenvolvido.
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