sábado, 14 de fevereiro de 2009

O outro

O incentivo explícito, por parte do governo Obama, para que os americanos comprem produtos nacionais, assim como, tanto nos EUA quanto na Europa, as campanhas para que os imigrantes sejam demitidos primeiro em função da crise, ignoram um dos princípios básicos do Estado Liberal: o mérito.
Afinal, cada um tem o direito de comprar o produto que bem entender, baseando-se única e exclusivamente na relação entre qualidade e preço, assim como os patrões devem (ou deveriam) optar, independente da "tribo" a que pertençam, por demitir os "menos produtivos", independente da cor da pele ou do local de nascimento.
Por outro lado, esse fenômeno - de rejeição ao outro, principalmente nos momentos críticos - longe de ser uma exceção, é a regra na História, em ordem decrescente de poder e prestígio étnico ou nacional. Vale destacar que, desde o surgimento do homo-sapiens, a rejeição e a hostilidade com o "estrangeiro" aumentam proporcionalmente à escassez de recursos materiais do território ocupado. E esse talvez seja o aspecto mais nefasto da crise, afinal, crises em si, segundo alguns dos maiores economistas do mundo, ocorrem de tempos em tempos no capitalismo, com menor ou maior intensidade.
Já a xenofobia e o racismo, fantasmas que pareciam ter sido drasticamente enfraquecidos, ainda que não derrotados, após a segunda metade do século XX, parecem agora estar se fortalecendo, alimentados pelo medo da recessão e pelo aparente exagero dos meios de comunicação sobre o tamanho do monstro.
De positivo para nós, brasileiros, fica o seguinte: Parece ser cada vez mais tentador ficar por aqui mesmo, usando os países centrais apenas como destino turístico, e não como meta para novo lar.
Tão óbvio quanto a esfericidade da Terra é a ininterruptibilidade da História, afinal, " tudo o que é sólido se desmancha no ar", ainda que, ao contrário do que pensava o autor da frase, a liberdade seja a principal ferramenta.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Vidas Civis

Quanto vale uma vida civil? Seja ela palestina, americana, israelense ou iraquiana? O que distingue terrorismo de ação militar? O poder, a tecnologia ou a capacidade de marketing e o controle dos meios de comunicação?
O que separa um judeu massacrado de maneira desumana durante a segunda guerra e um palestino massacrado de maneira desumana na Faixa de Gaza?
O que separa (além de 5 séculos!) Hitler dos governos escravocratas da América, ou dos pioneiros do Oeste dos EUA?
Quanto vale a vida dos milhões de africanos portadores de HIV que correm o risco de ficar sem remédio graças ao interesse dos grandes laboratórios? E dos flagelados da seca nordestina? E a vida das mães e pais israelenses e palestinos que amargam uma sangrenta e diária guerra? E a vida dos iraquianos humilhados pelo sadismo de tropas privadas de mercenários e de guerreiros tribais xiitas e sunitas, quanto vale? E a vida dos desempregados da suposta crise financeira? E a vida dos cidadãos israelenses, libaneses, turcos, espanhóis, italianos, colombianos, argentinos e tantos outros, vítimas do terrorismo laico/religioso de direita/esquerda?
E a vida das vítimas das diversas ditaduras, quanto vale?
E a vida dos reféns das Farc?
Quanto vale uma vida civil?
É justo tomar partido? Existe o bem e o mal (também) na política?
De que rebanho você faz parte?
Na história, o que hoje parece verdade, amanhã pode se revelar só um jogo de cena.
O rebanho sempre tende a ir junto para o brejo ou o desfiladeiro. Quem se atrever a seguir a risca uma ideologia inevitavelmente irá se deparar com o fundamentalismo (geralmente nos momentos em que se torna impossível continuar a defender racionalmente o que se tem por verdade absoluta ou “revelação” – daí a repressão promovida por absolutismos quando no poder, como no caso das Revoluções jacobina, chinesa, russa ou iraniana, assim como nas sociedades em que a moral tradicional determina a vida social, como em algumas regiões de Israel, em parte dos países árabes ou entre os amish e os quakers da América do Norte).
O indivíduo, ao menos o que se faz livre da “moral de rebanho”, consegue circular nas “zonas cinza”, mesmo fora de sua “área de segurança”, e entender as circunstâncias, qualidades e defeitos da realidade que o cerca.
É a única moral possível, com o potencial de promover a cada um a possibilidade de buscar a plenitude de si mesmo.
O resto é propaganda.

República Verde-Oliva

Na hipótese de que o anseio da parcela mais radicalmente à direita da sociedade brasileira seja atendido, não seria a primeira vez que u...