terça-feira, 20 de janeiro de 2009

É a velha História

A tendência dos meios de comunicação dos EUA e do mundo, principalmente os telejornais e os jornais impressos, em suas análises editoriais e redatoriais, de comparar o hoje empossado Obama à presidentes como Abraham Lincoln e John Kennedy, ainda que nem sempre seja honesta ou justa, principalmente quando se trata de Kennedy, o cara que iniciou a Guerra do Vietnã e quase possibilitou a (real) hecatombe nuclear, tem três características positivas.
A primeira é resgatar a memória do mais esquerdista presidente da história americana. Lincoln, além de tirar da elite latifundiária do país qualquer chance de manter os EUA na plantation (morram de inveja FHC e Lula), proteger a indústria nacional e abolir a escravidão, manteve o país unido em tempos geopoliticamente conturbados lá, aqui, na Europa e na Ásia/África colonial, ao mesmo tempo em que fez uma maciça reforma-agrária, o que lhe valeu até a pecha de comunista, nos primórdios da ideologia (deixemos por hora de lado o fato de que foi assassinado).
A segunda é buscar dar legitimidade ao primeiro presidente negro do país, já que, nos EUA, isso já é, em si, um fator de altíssimo risco ainda hoje (dos rednecks falamos outro dia).
A terceira e, ao meu ver, a mais esclarecedora, é a valorização (ou talvez o renascimento), do interesse em História. Já que a situação econômica do país remete aos anos (19)30 e a geopolítica aos (19)60/70, com o islã no lugar do socialismo, Obama não se furtou em mencionar, em seu discurso de posse, que "a História dos EUA nos servirá de exemplo" para enfrentar o que eles consideram os seus "desafios" mais urgentes (ou alguém acha que um gigante cai sem espernear?).
A História as vezes pode ajudar a mudar a si mesma. Se Hitler tivesse estudado mais a História da França não teria invadido a Rússia nas portas do inverno.
Vamos ver se, com Obama, os exemplos da História serão bem compreendidos e utilizados. E deixem o Kennedy na tumba.

Um comentário:

Klaus disse...

Nos últimos dois posts do Batata o tema foi Obama, e não só lá... o sorriso ou o nome de Obama estão estampados em camisetas, broches, cerâmicas, bonecos e nas principais páginas de notícias! Isso me remete diretamente a uma aula da tarde onde você dizia que o povo quando se perde, fica à espera de um messias! Obama pintou uma parede, me lembra o trecho da narrativa bíblica onde Jesus lava os pés de seu discípulo. E depois conclamou o povo a agir, e não esperar tudo do governo, um passo de sensatez.
E que essa fé do povo ao menos já vá aquecendo o mercado :P

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